Você é o que você come - 1° capítulo

Ponto de vista do Jason:

Me olhei no espelho e vi um novo roxo se formando na minha mandíbula esquerda. 


"Merda." eu sussurei pra mim mesmo.


Sai do banheiro e voltei pro quarto. Tinham roupas espalhadas pelo chão, as cortinas estavam fechadas e a luz desligada. Cheguei perto das cortinas e as abri, revelando o mundo lá fora. 


O sol entrou no quarto, eu tinha o sentimento estranho no meu estômago de que alguma coisa ia acontecer hoje. Ouvi o cantar dos pássaros no fundo. Eu sei que devia seguir meu instinto, mas não o fiz. Coloquei uma calça em cima da boxer e deixei minha casa para minha caminhada matinal, para clarear a minha mente. 


Ontem eu tive uma discussão sem sentido com meu pai, que se tornou briga. Minha mãe me deixou quando eu tinha 5. Ela levou meu irmão com ela, me deixando aqui nesse inferno. Ela acreditava que meu pai e eu tinhamos uma forte "conexão" e eu viveria melhor com ele. 


Ela nem se preocupou em brigar por minha guarda na justiça quando eles se separaram. Que mãe amável que ela era. Bom, foda-se ela. Ela que saiu perdendo. Meu pai e eu não temos essa "conexão" ou qualquer tipo de merda parecida. Ou só talvez quando socamos, chutamos ou xingamos uns aos outros. Os 12 anos morando com ele foram um pesadelo. Talvez seja por isso que eu quase não fico em casa. Eu sempre estou fora, na rua, com os meus garotos. 


Nós fazemos merda. Já fizemos quase tudo que você poderia imaginar. Somos uma gangue. Eu costumava ser um dos poucos garotos que são usados para vender drogas para outros. Não, eu já passei dessa. Agora, eu tenho missões. Onde você faz dinheiro. Eu sou o mais novo na gangue. Somos ao todo 6. Andamos em grupos pequenos já que o chefão gosta de manter tudo em segredo. 


Eu frequento a escola. Eles não sabem absolutamenta nada sobre a minha vida. Sou conhecido como o "mau", que é mandado pra sala da diretora todos os dias. Eu tenho até a minha própria cadeira na diretoria. As meninas acham o meu estilo de cabelo castanho dourado atraente. Eu ouço elas sussurrarem pras amigas quando eu passo pelo corredor, vejo elas empurrando umas as outras pra cima de mim depois da escola. Dizem pareço com o viado do Justin Bieber. Talvez seja por isso elas me acham gostoso. Eu odeio isso. Meu nome é Jason McCann, não Justin Bieber. 


Todo mundo da escola faz merda. Alguns se drogam, a maioria já provou. Tenho certeza absoluta que todo mundo bebe ou já bebeu. Eu nunca mais vi um "certinho" depois do ensino fundamental. Todas as garotas são putas e tem todas as doenças sexualmente transmissíveis possíveis. Brincadeirinha. Mas provavelmente, sim. Eu não como as garotas que moram aqui. Eu gosto das que estão de férias, então elas não vão pegar no meu pé depois de terminarmos. 


Eu estava só caminhando ao redor da vizinhança. Não era uma das melhores. Provavelmente, a pior. Ataques de gangues acontecem semanalmente aqui. Supus que não poderia ser assim tão ruim de manhã. Coloquei minhas mãos no bolso da calça e olhei pro céu. Nenhuma nuvem. Quente o bastante pra eu andar só com uma camisa. Tenho 17. Um carro, que o chefe me deu, após completar uma missão. A única coisa que o meu pai me deu na vida foram uns tabefes e um chaveiro. Pobretão. 


O céu estava lindo. Segurei a chave do carro, dentro do bolso da minha calça jeans cinza. 


De repente, eu fui empurrado pra trás. Que porra é essa? Eu mando nessa vizinhança! 


"Oh! Desculpa." Disse uma garota do chão.


Eu acho que ela tombou em mim e caiu de costas. Ela não é feia. Enquanto levantou do chão e se limpou, meus olhos percorreram por ela. 


Cabelo castanho preso num rabo-de-cavalo. Olhos escuros, magra, bunda boa. Os peitos não eram iguais aos da Kim Kardashian, mas também não eram iguais aos da Selena Gomez, sem nada. Tamanho mediano. Do jeito que eu gosto que eles sejam. É nojento ter uma garota com os peitos maiores que a cabeça dela mais a sua junto. 


"Hn." Foi tudo que eu disse. Não sou do tipo conversador. 


"Você se machucou?" Ela me perguntou olhando pra mim. 


"O que você acha? Foi você que caiu." Eu respondi enquanto olhava pra ela como se ela fosse estúpida. 


"Bom, desculpa se minha educação me fez parecer estúpida." Ela disse, tirou a sujeira da bunda e passou por mim, esbarrando no meu braço. 


Tanto faz. Ela é bonitinha, mas estúpida, não é o meu tipo. Se ela fosse gostosa e estúpida, talvez eu até pensasse. Ela estava usando um short masculino, uma regata e tinha o cabelo preso num rabo-de-cavalo bagunçado, toda suada pela corrida. Como se eu fosse ver ela de novo... Espero que não. 


Virei a esquina, peguei um atalho e voltei pra casa. Tomei um banho rápido, coloquei uma skinny jeans preta e uma blusa gola V azul clara. 


"Oi. Como tá a sua mandíbula?" Meu pai perguntou da mesa da cozinha


"Como tá seu olho?" Eu disse pegando uma torrada da mesa.


Eu sei que ele tava zombando de mim pelo tom que ele usou. A maiori- Espera, não. Todos os nossos argumentos pós-briga são pra zombar uns aos outros. Olhei pra ele, e lá estava. Um olho roxo, resultado do meu soco. As pessoas dizem que meu soco é muito forte. A última vez que eu soquei alguém na boca enquanto eu estava bêbado, ouvi dizer que o garoto teve que levar pontos. Não mexa comigo se eu estiver irritado. 


Coloquei meu supra branco e sai de casa sem dizer nenhuma palavra. Comi minha torrada no caminho até o carro. Entrei e joguei minha mochila no banco do passageiro e dirigi até ao estacionamento para estudantes da escola. 


Estava no meu caminho pro meu locker quando meu queixo caiu. Não era aquela menina que tombou em mim de manhã? Caralho! Ela se superou. Posso dizer que isso é uma boa bunda de qualquer ponto de vista. 


Ela estava do lado do meu locker, bom, ela estava parada lá. Tinha um garoto perto dela. Namorado? Espero que não. Eu não quero ser um ladrão de namoradas agora. Espera, eu não quero nem sair com garotas da cidade. Só aquelas de férias. Talvez ela vá ser a primeira.


"Oi." O garoto me cumprimentou quando eu cheguei perto do locker. 


Ele é sempre amigável. Agora que eu cheguei mais perto, eles eram bem parecidos. De algum jeito. Talvez familiares. 


"Oi." Eu respondi.


Ele olhou pra mim e algo extraódinário aconteceu. Eu sei que eu não falo muito com ele... Agora, como é o nome dele mesmo? Mark... John... 


"Oh! É você?! De hoje de manhã!" Ela exclamou. 


"Você de novo." Eu disse pegando os meus livros, sem olhar pra ela. 


"Sim. Estudo aqui agora." Eu vi ela abrir um grande sorriso do canto do meu olho. 


Ela tem um lindo sorriso. Não pude fazer nada a não ser sorrir de volta. Retomei minha compostura antes que alguém visse. 


Peguei o que precisava e virei pra eles. 


"Alguém tem uma caneta?" Perguntei.


"Hm, não. Eu tenho um lápis, serve?" O menino ofereceu. 


QUAL É O NOME DELE, CACETE? Meus olhos viajaram até os livros dele pra tentar encontrar escrito em algum lugar.


"Dylan, se você esqueceu." Ele respondeu minha pergunta.


"Certo..." Eu disse e tentei gravar.


"Eu tenho." A garota me disse e estendeu a mão com uma caneta azul. 


"Obrigada." Eu disse e virei pra fechar o meu locker. 


"Vanessa, qual é a sua primeira aula?" Dylan perguntou.


Vanessa, huh. Nunca sai com ninguém com esse nome antes.


"Hm... Ciências, sala 51. Você sabe aonde é?" Ela perguntou.


"Estou na mesma sala. Posso levar você." Eu disse olhando pra ela. 


"Hm, é. Vai com o Jason." Dylan hesitou. Provavelmente por causa da minha reputação. Eu não acho que ele gostaria de ter o nome da prima relacionado ao meu ou alguma coisa parecida. 


"Certo. Tchau primo!" Ela acenou pra ele. 


Nós andamos até a sala juntos, ela parecia conhecer os corredores da escola. 


Saquei ela de novo. Ela estava usando uma skinny jeans preta, uma blusa de ombro caido e um longo cordão. O cabelo estava liso e alcançava mais da metade de suas costas. Ela tinha uma franja pra direita igual a minha. Duas palavras: Muito gostosa.