Essa menina. Ela caminhou até a frente da sala, onde o professor estava e se apresentou pra ele. Os alunos ainda estavam entrando. Sentei no meu lugar habitual, na última mesa. Não havia ninguém ao meu lado devido ao fato de eu não permitir. Coloquei todas as minhas coisas sobre a mesa. Cada mesa tem duas cadeiras. A cadeira do meu lado estava desocupada e a mesa do lado também.
O professor nos cumprimentou. Alguns disseram um simples "Oi" de volta e outros ignoraram como eu fiz. Ele apresentou a Vanessa pra toda a classe. Vi alguns imbecis a olhando de cima a baixo. Senti a raiva esquentar o meu rosto e joguei meu caderno em cima da mesa, bruscamente. Ele disse pra ela achar uma cadeira e se sentar.
"Dá licença, será que eu poderia me sentar aqui?" Olhei pra cima e vi ela sorrindo pra mim.
Devo dizer que sim ou envergonhar ela, dizendo não? Se fosse qualquer outra pessoa, eu diria não. De algum jeito, essa garota despertou um interesse em mim. Ela não é tão especial ou alguma coisa assim, eu só não conseguiria me imaginar sendo rude com ela.
Não disse nada, olhei pra ela e tirei as minhas coisas da parte da mesa que agora era dela. Todo mundo na sala se espantou com a minha decisão.
"Ah, silêncio! Ela é bonitinha, ele é um adolescente. Não é tão estranho assim!" O professor disse.
Ela se sentou. A mesa não era tão grande. Eu podia sentir seu perfume ou que fosse que ela estava usando de onde eu estava sentado. Era fraco, natural. Não me deu dor de cabeça igual ao que as outras garotas usavam.
A aula se arrastou. Eu odeio essas coisas. Eu sei tudo. Eu faço bombas e explodo a porra toda. Essa é a minha especialidade. Na nossa gangue, matar não é grande coisa. Eu cresci pensando assim.
Minha mandíbula estava me incomodando um pouco, será que esse filho da puta a quebrou? Eu deveria ir checar isso na hora do almoço. Eu não iria querer um maxilar quebrado agora. Eu brigo quase todos os dias. Eu não quero que os outros saibam que eu já estou ferido e mirar um soco no meu queixo. E mais, se estiver quebrado, vai demorar um tempo pra estar totalmente curado. O bom é que o meu corpo tem uma taxa de cura rápida. Geralmente, os hematomas demoram um ou dois dias pra desaparecerem do meu corpo.
Ciências, matemática e educação física são minhas melhores matérias. Ciências, a maneira que a vida funciona. É fácil. Eu gostava muito quando eu era pequeno. Eu precisava saber como as bombas funcionam. A ciência desempenha um grande papel nisso. Matemática, eu precisava medir a quantidade de pólvora e tudo mais. Educação física, eu luto. Fácil demais pra passar.
Vanessa estava anotando coisas enquanto eu estava só sentado, ouvindo.
"Você não está anotando?" ela sussurrou pra mim.
Eu não respondi. Não precisava. Depois de um tempo, ela virou e continuou o que ela estava fazendo. Percebi que ela é destra, eu sou canhoto. Escreve com uma caneta roxa. Sua caligrafia é clara. É incrível o quanto eu realmente me importava com essa menina.
Eu normalmente não dava a mínima sobre qualquer um, a menos que tivesse algo a ver comigo.
"Certo. Todos escolham um parceiro. Vocês não podem trabalhar sozinhos nesse projeto." O professor olhou pra mim e continuou.
"Eu quero que vocês e seus parceiros trabalhem em genética. Vocês podem explicar a forma que as células trabalham ou tirar uma foto e fazer uma montagem no photoshop, pra ver como o bebê de vocês seria."
Todos em volta de mim estavam procurando por um parceiro. Todos estavam falando. Eu vi muitas meninas olhando na minha direção, mas ignorei.
"Me dêem seus nomes e os de seus parceiros e digam o projeto que escolheram." Ele apontou pra pessoas aleatórias e elas disseram as informações que o professor pediu.
"Jason?"
"Eu mesmo." Eu respondi.
"Não pode. Vanessa, você tem um parceiro?" Ele perguntou e ela negou com a cabeça.
"Excelente. Vanessa e Jason."
O sinal tocou.
"Bom, eu vou explicar o projeto direitinho amanhã. Vanessa e Jason, amanhã me digam qual vai ser o projeto de vocês."
A aula acabou, eu sai da sala e fui direto pra próxima. Odeio Estudos Sociais. Minhas notas não estão muito boas nessa matéria. Como se eu realmente ligasse. Eu não tento ser bom nas outras matérias, eu só nasci com o dom.
A hora do almoço chegou. Sai da sala e fui pro banheiro, todo mundo deve estar almoçando agora. Chequei minha mandíbula no espelho. Parecia quebrada. Merda. Muito legal. Preciso de gelo.
Sai do banheiro e fui direto pra sala dos professores. Eles estavam reaquecendo suas comidas. Fui até freezer e peguei um pouco de gelo. Os professores me ignoraram já que eu estava sozinho, sem ninguém comigo. Peguei uma maçã da mesa e dei uma mordida. Minha entrada é permitida já que eu sempre estou machucado.
Tirei meu skate do locker e planejei ir pra casa pra almoçar. Não nos permitem deixar o campus durante a hora do almoço, já que tem muita violência lá fora. Crianças sempre fogem e nunca retornam. Não posso pegar meu carro, ia chamar muita atenção.
Fui de skate até as portas de trás de escola. Eu não me importaria se eu fosse pego, coisa que nunca aconteceu. Quando virei o corredor, tombei com a Vanessa. Ela me derrubou do skate e eu cai de bunda no chão, e ela também.
Levantei-me rapidamente e me limpei.
"Você podia pelo menos olhar por onde anda." eu disse.
"Falou o que estava andando de skate nos corredores da escola." ela respondeu.
Olhei pra ela pela última vez, peguei meu skate e subi de novo.
"Aonde você vai?" Eu ouvi ela perguntar.
"Não é da sua conta." eu respondi.
Dei um impulso com o meu pé esquerdo e sai andando quando eu vi ela correr na mesma direção que eu e entrar na frente da porta, para bloqueá-la.
"Saia." Eu disse não querendo encostar uma mão nela.
"Posso ir?" Ela tinha aquele grande sorriso no rosto.
"E eu iria ter que cuidar de você? Inferno, não. Agora saia." Eu disse cerrando os dentes.
Eu vi seu sorriso desaparecer e ela cruzou os braços.
"Por favor? Eu não vou incomodar... Só vou correr atrás de você!" Ela estava falando sério?
"Não. Volta pro refeitório." Eu disse saindo de cima do meu skate. Vou empurrá-la se for preciso. Eu já fui muito bonzinho com ela desde que chegou aqui.
"Ah, vamos! Por favor! Eu faço qualquer coisa pra você me deixar ir, por favor! Eu não vou incomodar."
Que porra é essa? Ela nem sabe aonde eu vou e quer ir comigo? Ela disse qualquer coisa? Certo. Se eu não consigo fazer ela ir embora pedindo, vou fazer ela ir embora a assustando.
Dei um passo pra perto dela e sorri. Eu caminhei até onde ela estava contra a porta e coloquei ambas as mãos em cada lado da sua cintura. Cheguei mais perto ainda para que nossos corpos se tocassem. Encostei minha testa na dela e olhei-a nos olhos.
"Qualquer coisa? Sério?" Eu perguntei sorrindo.
Ela não abriu a boca ou qualquer coisa, apenas engoliu em seco.
"O que você quer?" Ela perguntou nervosa.
"Bom, você tem um corpo muito sexy e faz tempo que eu não transo, o que você acha de me emprestá-lo? Você primeiro me dá a sua parte e eu deixo você vir comigo amanhã."
Eu deixei ela processar a informação enquanto minhas mãos andavam por todo seu corpo. Minhas mãos estavam na cintura dela, subindo para a lateral dos seus seios e estavam quase tocando a frente deles quando ela falou. Eu a vi ficar vermelha após falar as seguintes palavras.
"Posso só te masturbar?"
"Não. Ou você me deixa te fuder ou você não vai poder vir comigo."
Eu não estava falando sério quando propus aquilo, estava tentando apenas assustá-la. Eu tive que pensar em alguma coisa rápida já que tudo que eu tinha planejado era pedir pra ela sair da frente.
Ela não disse nada. Pressão. Vou pressioná-la.
"Anda! Eu não tenho o dia todo." Eu disse olhando pro relógio.
Merda, ela estava consumindo o meu tempo. Eu só tenho mais 45 minutos. O tempo de chegar em casa, pegar comida e sair correndo no mesmo minuto.
"Não, apenas me deixe ir. Não é grande coisa." Boa garota, não dá pra qualquer garoto que pede.
"Que tal você voltar pra escola e ficar longe de mim antes que eu não consiga me segurar e te estupre?" A cor do rosto dela sumiu.
"Jason! ME DEIXE IR! Por favor?"
"Não. Você nem sabe aonde eu estou indo."
"Então? Eu vou saber se você me deixar ir."
"Eu estava só indo pra casa almoçar."
"Eu achei que nós não pudéssemos deixar o campus?!"
"E?"
"Verdade. Posso ir?" Ela tinha aquele sorriso lindo no rosto.
"Não. Agora saia."
"Jason! Aonde você acha que vai?" Ouvi a voz da diretora.
"Olha o que você fez. Agora, siga os meus passos."
"O qu-"
Eu interrompi ela, colocando meus lábios nos dela. Eu quase não conheço essa garota irritante, e agora estou beijando ela. Ouvi os passos da diretora chegando mais perto e lambi seu lábio inferior pedindo para ela abri-los pra mim. Ela inclinou a cabeça para me beijar de volta. Minha lingua agora estava na boca dela, explorando.
Peguei uma mão dela e coloquei no meu pescoço. A outra mão seguiu o mesmo caminho da anterior, as duas estavam no meu pescoço enquanto a minha estava na cintura dela, puxando seu corpo contra o meu.
"Jason!" Eu a empurrei depois de ouvir ela gemer dentro da minha boca e eu sabia que a diretora estava perto o bastante pra ver que nós estávamos nos beijando.
"O que foi?" Eu perguntei com a respiração ofegante.
"O que você está fazendo?" Ela me perguntou com um olhar suspeito.
"Compartilhando saliva. Você?" Eu perguntei de volta.
"Tem certeza? O que o seu skate está fazendo aqui?" Ela perguntou apontando pro skate.
"Eu estava andando de skate nos corredores."
"Eu acho que eu falei pra você não andar?!"
"Você falou."
"Então?"
"Então o quê?" Eu a desafiei.
"É isso. Vou levar esse skate comigo."
"Você quer ele? Toma. Eu tenho outro em casa." Eu sei que eu estava desafiando ela, mas eu não ligo. Ver o rosto dela vermelho é cômico.
Ela me deu mais uma olhada e saiu com meu skate.
Eu dei uma pequena risada e ouvi Vanessa rir também. Ela tem uma risada fofa. Eu olhei pra ela e vi que meus braços ainda estavam em volta de sua cintura.
"Oh, Jason..." A diretora falou.
"Eu sei, eu vou te ver todo dia depois da escola até mês que vem. Não se esqueça de guardar a minha cadeira."
"Traga a sua amiguinha também." Ela disse e saiu andando.
"Desculpa." Eu pedi. Eu não sei porquê, não era minha culpa que a Vanessa ficou de detenção, se ela tivesse me ouvido e voltado pro refeitório, ela não estaria nessa situação.
"Tá tudo bem. Pelo menos eu vou te conhecer melhor." Ela sorriu.
Nenhuma garota já tentou me conhecer antes. Eu fiquei chocado com isso mas retomei minha velha compostura.
Nós saimos com os meus braços ainda em volta da cintura dela.